segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A louca do castelo de cartas - Relato sobre Bóson de higgs


“Somos um universo infinito de partículas, movendo-se em ondulação por malhas entrelaçadas. É sabido que o tempo e o espaço podem ser distorcidos, moldados, reconstruídos e muito mais, desde a primeira manipulação bem sucedida da partícula Bóson de Highs. Em 2.045, a compositora, multi-instrumentista e cantora pop Aditi Daya, inspirada por Deus, encontrou em sua composição a nota matriz derivada do trítono. O trítono é o intervalo mais alto entre duas notas musicais de três tons, gerando um som emotivamente perturbador.

“Aditi Daya, em sua casa na cidade de Surate, no estado de Gujarate, na Índia; reproduziu o trítono com uma sitar de onze cordas no momento em que uma quantidade incontável de Bóson de Highs, dispersos acidentalmente pela indústria Shapur Marat Inc. de tecnologia robótica, circundou ofensivamente as cordas do intrincado instrumento. O encontro gerou uma sonoridade até então desconhecida, nomeada por nós como Sítono”.

“Temos relatos esparsos sobre o ocorrido. No período do evento, a imprensa marrom dominou a formulação de noticias e autoridades locais minaram os relatos oficiais. A verdade foi conhecida e resguardada apenas por oficiais de alta patente Mata-Galloana.

A queda do império Mata-Gallo há cinco anos, possibilitou o acesso a documentos esclarecedores. Após eliminarmos todas as inverdades capituladas do caso, conhecido popularmente como - A louca do castelo de cartas -, analisamos cientificamente os dados extraídos do experimento involuntário”...

“Aditi Daya era casada com Sherman Fork, um inglês decadente, colecionador de baralhos. Este senhor ostentava uma coleção de aproximadamente quatorze mil decks variados. Tarô, numéricos, desenhos, comemorativos, temáticos; um sem fim de tipos. Na época, assim como por toda sua história até a extinção do país, a Índia possuía uma conduta organizacional e higiênica, peculiar e impraticável para demais sociedades. A despeito disso, estrangeiros tidos como – Porcos Crônicos – acostumavam-se muito facilmente a condições pouco usuais de vida. Claro que, culturalmente, um observador externo nada mais é que uma vizinha enxerida, minando comportamento alheio. Portanto, aquém do lado ético da questão e atento a customização de pessoas higienicamente corretas, pensando no nosso antigo ocidentalismo e pressupondo sobre a boa educação de um cidadão inglês, Sherman Fork era um vagabundo, sujo e desorganizado. Sua coleção vivia espalhada pela casa, caoticamente empilhada em todos os cômodos. Temos slides de matérias a respeito de sua excêntrica pessoa, e nas poucas fotos, vemos botijões de dedetização junto a cartas semi roídas...”

“ Ao dedilhar o instrumento, no momento em que o Bóson de Highs o circundava, produziu-se o sítono. Um pico de energia derrubou toda a rede elétrica da cidade. Um ruído constante, descrito na época como um motor a diesel em baixa potencia, ressoou por pelo menos quatro quarteirões. Grupos de moradores locais saíram em direção a fonte do som, munidos de obsoletas lamparinas e lanternas. No lugar da casa de Aditi e Sherman, havia uma parede de cartas, as mesmas colecionadas pelo inglês. Tal construto mantinha-se elevado por alguma espécie de gravitação única e direcionada. Com baixa luminosidade, testemunhas relataram que por ínfimos espaços entre uma carta e outra, viam o sol, o mar, areia, palmeiras e sapos armados. Tal visão entrecortada e absurda, durou apenas poucos segundos. Aditi Daya varou as cartas e tombou ao lado das testemunhas. Foi seu ultimo movimento em vida. As 23:47 aproximadamente, foi-se a alma num infarto fulminante. Deus a tenha”.

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