terça-feira, 16 de julho de 2013

Noir-Vegans nas páginas policiais, um crime brutal é narrado:



Acelga lavada e picada grosseiramente. O broto do Feijão, todo cortado. Um tal de Gengibre ralado, inconsciente num canto. Melado de cana a gosto com farfalle (gravatinha) de sêmola. Um tipo estranho. Uma festa de luxo? Naquele local pérfido?
Tomate cortado em 6 pedaços e ainda com furos exalando um aroma acre de tomilho. Eu só pensava no estalo do trigo para quibe. Aquilo revirando na minha cabeça "Trigo para quibe, Trigo para quibe..."
"Puta que pariu!"
Virei o rosto, os olhos ardendo. Era forte a visão... Uma abóbora comum, pequena, virando purê na cama. Puro purê! Um monstro ou seriam monstros? Atrocidades das quais eu via com constância. Gostaria de não ver. Não nesta noite.
Grão-de-bico no distintivo, esfreguei o dedo pra tirar uma gota de linhaça. Ervilhas tortas, sinuosas, num caminho que eu trilhava cada dia mais fundo. Meu maço pequeno de brócolis na manga. Não tinha nada a perder. Blefei para o fotógrafo.
"Pode bater a chapa, amigo".
Parecia uma cebola roxa depois de um tempo boiando naquele azeite. Surtei, desesperado, gritando por papaia. "Papaia, papaia, papaia!".  Colegas jogaram água no meu rosto.
"Acorda, Madureira. Sai dessa coisa ruim"
Concluí um arroz selvagem na noite, constatando a fuga perfeita. Não deixaram rastros. Mas o tempo é amigo do investigador.  Não tem ninguém aqui. Apenas raiz de capim-santo no terreiro.
"Assim não dá, doutor. Encerra esse caso".

O delegado estava presente. Coisa rara.

"Você sabe quem são?"

"Desgraçados infelizes, provavelmente."

Ele apontou na minha cara. Deu uma risada debochada. Se não aprontar o relatório nessa madrugada, eu tofu!

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