segunda-feira, 21 de outubro de 2013

ababila / ababocado / ababelado / ababelar / ababil



Mussá fitava o horizonte dourado do deserto. Daila, a esposa, agachou-se ao seu lado, na varanda do quarto, preocupada com o silêncio do marido.
"Mussá, me conte sua preocupação? O que vem do infinito das areias?"
Sem tirar os olhos do longinquo limite de visão, limitou-se a pedir um jarro de água.
Daila encheu dois copos. Um para si e o outro colocou entre os dedos do homem. Eis que Mussá agitou-se e o copo perdeu-se no chão.
"Mussá, Mussá, o que ocorre?"
Ele apontou para a frente, trêmulo, as faces vermelhas.
"Ababil, um Ababil, Daila. Olhe! Alá condena nossas vidas de pecado."
O copo de Daila também foi ao chão. Juntos viram nascer, no horizonte do Saara, um ciclone de areia, uma imensa coluna ababelada e escura, recheada de trovões retumbando em seu interior.
"Vamos descer, vamos correr"
"Vamos morrer, Mussá".
No quintal, puderam ver a sombra do topo da coluna abraçando as paredes da casa. E então essa coluna dividiu-se em duas e o casal se abraçou ababocado pelo som violento que pousava no telhado.
"Daila, são ababil e ababila... Suba na..."
O casal levantou vôo no turbilhão ensandecido dos demônios ianques, ababelaram seus corpos com a força do vento.
"Burn the house down... big bad bada boom... soldier!"
Apache Thunder Thor e Apache Tomahawk completaram a missão e retornaram para base. Mussá e Daila tornaram-se apenas vestigios, carregados por Alá, nas asas mortais de Ababil e Ababila.

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