sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Tupã, pichador


A bota apertou a bochecha do mendigo que dormitava na calçada em frente à construção do edifício.

– Está sonhando, dorme sujo? Acorda, vagabundo. – Vociferou o dono da bota.

Os cabelos compridos estalaram no papelão. O mendigo apertou o tornozelo do pedreiro dono da bota e o arremessou até o quarteirão seguinte.

Fedendo a suor e cachaça, o dorme sujo pôs-se de pé desordenadamente. Elevou os dedos destros, circundados por uma escura nuvem de relâmpagos e apontou-os para o tapume da obra.

“Vaus cegos!Criança chorosa na biboca;anhanguera quer cidade.”

Findados os raios sobre a madeira, a mesma é imediatamente substituída por uma nova, pelo pedreiro que fora arremessado momentos antes e que retornara incrivelmente rápido via uber-nau. 

Tupã, feito coitado, foi vomitar. 

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